T’Leva: uma aposta que “valeu a pena”
Lançado em Abril de 2019, o projecto T’Leva, abreviatura de ‘Tupuca Leva’, surgiu como uma iniciativa inovadora de mobilidade urbana com o ‘conceito Uber’, de cinco jovens empreendedores angolanos.
O mercado de mobilidade urbana angolano, embora ainda deficitário, apresenta um grande potencial. Dados disponibilizados à FORBES estimam que, no geral, o sector de táxis personalizado no país recebe mais de 15 mil solicitações por dia, com uma média de 3 mil kwanzas por corrida.
E é a maioria desta quota oferecida pelo mercado que a Tupuca Leva (T’Leva) – plataforma de mobilidade urbana para transporte de pessoas e bens, lançada em Abril de 2019, está interessada em captar, como revela Erickson Mvezi, um dos seus mentores.
A iniciativa do projecto, que surgiu com o objectivo de revolucionar o serviço de táxi em Angola, partiu da ideia dos co-fundadores da Tupuca – empresa de entregas de encomendas ao domicílio – designadamente Wilson Ganga, Eugene Danilenko, Patrice Francisco, Sydney Teixeira e o próprio Erickson Mvezi.
Pouco mais de dois anos depois do início do arranque, os promotores dizem ter valido a pena a aposta. Hoje, conta Mvezi à FORBES, a plataforma recebe cerca de 6 mil solicitações de corridas por dia, em que os preços de cada uma delas são aplicados com base em vários factores, entre os quais a quilometragem, o tempo de viagem, horário do dia ou zonas [de partida e chegada].
“Buscamos ser o mais flexível possível, olhando para a oferta e para a procura. Os primeiros de 4 quilómetros são mil kwanzas e o resto varia com base nos factores que mencionei”, reforça.
A juntar-se a flexibilidade nos preços está a geração de postos de trabalho, que Erickson considera ser um importante contributo à economia do país. A empresa, segundo assegura, emprega hoje, directamente, mais de 700 pessoas, sendo que os motoristas são uma espécie de prestadores de serviço, que dois anos depois passam a ser os proprietários das viaturas. “A intenção é criar pequenos empreendedores”, enfatiza.
O T’Leva, explica o co-mentor, surgiu como uma solução para dar suporte à Tupuca. A ideia foi amadurecida e deu lugar a um inovador serviço de táxi no país, num modelo Uber, com a utilização de carros electrícos – considerados ‘amigos do ambiente’, e preços que se projectavam vir a ser mais baixos em relação aos convencionais.
Inicialmente incubado por um período de seis meses na Tupuca, como projecto piloto, o T’Leva dispõe de uma app gratuita para smartphones IOS e Android, que permite ao passageiro solicitar um táxi com base na sua própria localização.
“O negócio surge com um conceito para facilitarmos o transporte e mobilidade rodoviária da cidade, que até então existiam com um preço muito elevado. E optamos assim por ter um conceito de Uber, onde pessoas trabalham com as próprias viaturas”, explica Erickson Mvezi, um dos responsáveis.
“O maior investimento foi acreditar”
Inicialmente foi feito no negócio um investimento de 6 mil dólares na aquisição da plataforma, mas este não foi, segundo Erickson o mais relevante. Para o co-fundador, o maior investimento mesmo foi acreditar e dedicar mais de oito meses num conceito novo, sem garantia de sucesso e que levou a equipa ao extremo para o tornar realidade.
“Hoje colhemos os resultados das primeiras apostas. Temos actualmente a plataforma de mobilidade com maior frota de carros elétricos em África, através de parceiras estratégicas”, gaba-se visivelmente orgulhoso.
Os veículos [eléctricos], explica o empreendedor, são da marca Ledo EV, produzida por um dos maiores fabricantes de viaturas eléctricas da China, a Ledo Holding, e a aquisição dos mesmos envolveu um investimento a rondar os 22 milhões USD, suportados pela Chinangol, empresa parceira do projecto. “Os resultados foram tão interessantes que despertámos a atenção de investidores que apostaram na T’Leva porque lhe reconheceram valor”, afirma.
Mais de 600 viaturas ao serviço dos luandenses
Actualmente a T’Leva tem uma frota composta por mais de 400 carros elétricos e 200 a combustão. Pensando no crescimento e expansão dos serviços para outros pontos do país, na forja está a aquisição de mais 800 viaturas.
“Estamos a criar condições para injectar mais 400 viaturas já nos próximos meses”, avança Erickson. A ambição do grupo, aponta, é atingir o objectivo das 10 mil viaturas eléctricas activas na plataforma, até 2025, e estar presente em todos os países da SADC – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral.
Um veículo eléctrico da T’Leva dispõe de uma autonomia de 252 Km, quando carregado na totalidade o acumulador. Para o carregamento dos acumuladores dos veículos a empresa tem disponíveis três centrais localizadas no centro de Luanda, no Benfica e em Viana.